Fruticultores potiguares encontram no manejo
e no melhoramento genético a forma de ampliar produção
Novos clones de cajueiros duplicam produção de castanhas de caju no Alto-Oeste potiguar
Plantações a perder de vista por
praticamente todo o Rio Grande do Norte, principalmente, nas regiões
Oeste, Alto-Oeste, Seridó e Zona da Mata. Assim é o cultivo de cajueiro
para obtenção da castanha, considerada a principal pauta de exportação
potiguar. Nos seis primeiros meses do ano, a cajucultura negociou no
comércio exterior 22,9 milhões de dólares, relativos à produção de 2,9
mil toneladas de amêndoas. Com as frutas frescas, acontece o mesmo. No
caso do melão, o Estado produziu e vendeu nesse período 22,5 mil
toneladas, o equivalente a quase 14 milhões de dólares, segundo cálculo
do Centro Internacional de Negócios (CIN).
Esses são apenas alguns exemplos de como a fruticultura desempenha um
papel importante na economia potiguar. Nos últimos anos, a atividade
tem ganhado reforços dados pela ciência e que influenciam diretamente na
competitividade dos produtores. Estudos e pesquisas - em andamento ou
já consolidadas - dão aos fruticultores mais chances de ampliar a
produção e aumentar a rentabilidade, através de descoberta de clones que
são mais produtivos. É a biotecnologia, através de técnicas de manejo e
melhoramento genético, avolumando os negócios ligados a essa cadeia
produtiva. As iniciativas surgem nos principais polos de fruticultura
irrigada do Estado.
Com destreza, o engenheiro agrônomo Antônio Tertulino de Oliveira
Neto cuida dos viveiros de mudas de cajueiros. Ele é responsável por um
projeto, implementado em parceria com o Sebrae no Rio Grande do Norte e a
Fundação Banco do Brasil, para o desenvolvimento e adaptação de novas
variedades de cajueiro, com o intuito de, pelo menos, duplicar a atual
produção de castanha. Os estudos, executados Empresa de Pesquisa
Agropecuária do Estado (EMPARN), já duram dez anos e os resultados são
animadores.
Testes revelam que os clones NP1, NP2 e JV1 têm maior produtividade
em comparação às demais espécies. Enquanto o cajueiro convencional
produz 1,9 mil quilos de castanha por hectare, na mesma área, a
variedade NP1 chega a dar até 4 mil quilos. “O objetivo é não apenas
aumentar produtividade, mas também, melhorar a qualidade da amêndoa e
facilitar o rendimento industrial”, explica o agrônomo.
A pesquisa está sendo desenvolvida para melhorar a competitividade de
integrantes Cooperativa Agrícola dos Produtores Rurais do Município de
Apodi (COOPAP), que funciona como uma central de comercialização. A
cooperativa recolhe e vende as castanhas vindas de todas as unidades de
processamento instaladas na região de Apodi e Alto-Oeste. Essas unidades
são responsáveis por recolher as castanhas de pequenos produtores da
região.
São mais de mil hectares plantados com o clone NP1 nos municípios de
Apodi, Rodolfo Fernandes, Serra do Mel e Severiano Melo. Os cajueiros,
inclusive, já atingiram o período de maturidade – mais de oito anos –
que comprovam a eficiência da nova variedade. “Se tivéssemos um inverno
regular, estaríamos obtendo a produtividade máxima desses clones”,
confirma Tertulino de Oliveira, que presta serviços à Coopap, orientando
o plantio e repassando as técnicas de manejo das espécies descobertas.
Um trabalho que deve ajudar a centenas de pequenos produtores do Rio
Grande do Norte a conseguir mais produtividade em pequenas áreas de
cultivo. “Com esses novos clones, vamos deixar que a produção fique
menos vulnerável a condições climáticas. Queremos difundir essa melhoria
dos pomares com alto potencial genético”. Por ano, o Estado gera em
torno de 45 mil toneladas de castanhas, uma média de 315 quilos por
hectare plantado.
As regiões Oeste, Alto-Oeste e Zona da Mata respondem por 80% da
produção de castanha do Rio Grande do Norte e Serra do Mel, município
localizado a 320 quilômetros de Natal, é o maior produtor. Agricultores
ligados ao projeto de Cajucultura do Sebrae-RN produzem 160 toneladas de
caju a cada ano. Produção que ainda pode ser ampliada, pois o Rio
Grande do Norte só explora 40% do potencial comercial.
*Gazeta do Oeste
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