Maurício Ferreira

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Ministro Garibaldi na lista dos queridinhos de Dilma é apontado como a “revelação”

O TIME DE CONFIANÇA DA TÉCNICA ROUSSEFF
Com esquema que privilegia o ataque, presidente Dilma escala ministros para atuar em posições tão demarcadas quanto num jogo de futebol

PAULO DE TARSO LYRA
 
Os laços entre os dois são tão sólidos que, no dia em que o homem forte da economia depôs na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, a presidente foi pessoalmente ao Congresso para uma sessão em homenagem às mulheres. O ministro é o goleiro do time, responsável por não deixar passar nenhum descontrole da inflação ou derrapada no Produto Interno Bruto (PIB).Passado o prazo de desincompatibilização de ministros para disputar as eleições municipais de outubro, a presidente Dilma Rousseff começa a definir o seu time oficial para conduzir os projetos estratégicos de seu governo. A escalação faz com que, dentro da tática de ataque do 4-3-3, cada um conheça bem suas atribuições na equipe. Além dos titulares de confiança, o capitão também já foi escolhido: o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Embora ele tenha andado na berlinda por conta das denúncias de corrupção na Casa da Moeda, o ministro ainda é um dos que mais gozam da confiança de Dilma.

No miolo de zaga, estão a dupla de xerifes Ideli Salvatti, da Secretaria de Relações Institucionais, e Gleisi Hoffmann, da Casa Civil. Especialmente para o Congresso, Ideli se tornou uma zagueira clássica, distribuindo botinadas nos parlamentares que reclamam da falta de emendas e cargos no governo federal. Gleisi é mais discreta, tem tom de voz mais baixo, mas quem a conhece de perto sabe que ela é capaz de espanar a bola nos momentos em que o time estiver acuado.
Antonio Patriota, das Relações Exteriores, foi puxado para a lateral direita, substituindo Celso Amorim. Muitos reclamavam da relação umbilical que o governo do ex-presidente Lula mantinha com os regimes esquerdistas da região, liderados pelo venezuelano Hugo Chávez. Dilma escalou Patriota para ter opções de jogadas pela direita. Deu certo e o Brasil está mais afinado com o governo norte-americano.

Pela esquerda, Dilma escalou o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, que andou sofrendo alguns ataques da oposição e viu-se obrigado a ficar mais no campo de defesa. Aos poucos, no entanto, teve papel de destaque no anúncio de medidas de desoneração para a indústria, na última terça-feira.
O meio-campo do time de Dilma é clássico. Inspirado pelo antecessor, elegeu como volante o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Discreto, é responsável por proteger a zaga das investidas dos movimentos sociais e dar saída de bola com qualidade. Ao seu lado, com a camisa oito, o ministro Aloizio Mercadante.
Como meio-campistas tradicionais — bom santista, odiaria ser comparado ao doutor Sócrates —, o titular da Educação de vez em quando desaparece do jogo. Adora que toquem a bola para ele, no pé, e reclama quando a jogada não sai como deseja. Não era do time titular de Dilma nem do de Lula, embora o antigo técnico tenha sido o responsável pela sua contratação. Mas se destacou nos treinos, enquadrou-se no padrão “espancadora de projetos” da presidente e conquistou um lugar entre os 11.

A revelação foi Garibaldi Alves, da Previdência. Único peemedebista na linha de frente, comanda uma pasta pouco cobiçada. Nas últimas semanas, pôs a bola embaixo do braço e foi ao Congresso trabalhar pela aprovação da Fundação de Previdência Privada do Servidor Público (Funpresp). Usou o fato de ter sido presidente do Senado, percorreu os gabinetes e conseguiu marcar um gol que orgulhou a técnica Dilma, para quem a Funpresp era uma prioridade.

Do outro lado
No time principal pela atuação para aprovar a Lei Geral da Copa, está o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, típico exemplo de jogador que mudou de posição ao longo da carreira. Após um começo na lateral esquerda, até hoje o palmeirense tem uma canhotinha eficiente, quando necessário. Mas, após a tramitação do Código Florestal no Congresso, encaixou-se na ponta direita, ao lado de aliados ligados ao setor produtivo rural.
Na ponta esquerda, aparece o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Dilma e Lula gostam dele, mas é uma posição perigosa. Afinal, quando as coisas apertam, o ponta-esquerda sempre é o primeiro a ser substituído. Tem um estilo de jogo mais livre, solto em todas as posições do ataque. É um dos poucos que não exerce só a função que lhe compete.
Por fim, no comando do ataque, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Responsável por conduzir o Programa de Aceleração do Crescimento(PAC), Miriam tem sido muito cobrada pela falta de gols — ou as obras, para ser literal. Existem pressões pela sua substituição, mas, até o momento, Dilma mantém a confiança na sua principal atacante.

 *Do Correio Braziliense, via Thaisa Galvão.

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