Maurício Ferreira

sábado, 21 de julho de 2012

Biotecnologia torna o agronegócio mais competitivo

 
Fruticultores potiguares encontram no manejo e no melhoramento genético a forma de ampliar produção
Novos clones de cajueiros duplicam produção de castanhas de caju no Alto-Oeste potiguar
 
Plantações a perder de vista por praticamente todo o Rio Grande do Norte, principalmente, nas regiões Oeste, Alto-Oeste, Seridó e Zona da Mata. Assim é o cultivo de cajueiro para obtenção da castanha, considerada a principal pauta de exportação potiguar. Nos seis primeiros meses do ano, a cajucultura negociou no comércio exterior 22,9 milhões de dólares, relativos à produção de 2,9 mil toneladas de amêndoas. Com as frutas frescas, acontece o mesmo. No caso do melão, o Estado produziu e vendeu nesse período 22,5 mil toneladas, o equivalente a quase 14 milhões de dólares, segundo cálculo do Centro Internacional de Negócios (CIN).
Esses são apenas alguns exemplos de como a fruticultura desempenha um papel importante na economia potiguar. Nos últimos anos, a atividade tem ganhado reforços dados pela ciência e que influenciam diretamente na competitividade dos produtores. Estudos e pesquisas - em andamento ou já consolidadas - dão aos fruticultores mais chances de ampliar a produção e aumentar a rentabilidade, através de descoberta de clones que são mais produtivos. É a biotecnologia, através de técnicas de manejo e melhoramento genético, avolumando os negócios ligados a essa cadeia produtiva. As iniciativas surgem nos principais polos de fruticultura irrigada do Estado.
Com destreza, o engenheiro agrônomo Antônio Tertulino de Oliveira Neto cuida dos viveiros de mudas de cajueiros. Ele é responsável por um projeto, implementado em parceria com o Sebrae no Rio Grande do Norte e a Fundação Banco do Brasil, para o desenvolvimento e adaptação de novas variedades de cajueiro, com o intuito de, pelo menos, duplicar a atual produção de castanha. Os estudos, executados Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado (EMPARN), já duram dez anos e os resultados são animadores.
Testes revelam que os clones NP1, NP2 e JV1 têm maior produtividade em comparação às demais espécies. Enquanto o cajueiro convencional produz 1,9 mil quilos de castanha por hectare, na mesma área, a variedade NP1 chega a dar até 4 mil quilos. “O objetivo é não apenas aumentar produtividade, mas também, melhorar a qualidade da amêndoa e facilitar o rendimento industrial”, explica o agrônomo.
A pesquisa está sendo desenvolvida para melhorar a competitividade de integrantes Cooperativa Agrícola dos Produtores Rurais do Município de Apodi (COOPAP), que funciona como uma central de comercialização. A cooperativa recolhe e vende as castanhas vindas de todas as unidades de processamento instaladas na região de Apodi e Alto-Oeste. Essas unidades são responsáveis por recolher as castanhas de pequenos produtores da região.
São mais de mil hectares plantados com o clone NP1 nos municípios de Apodi, Rodolfo Fernandes, Serra do Mel e Severiano Melo. Os cajueiros, inclusive, já atingiram o período de maturidade – mais de oito anos – que comprovam a eficiência da nova variedade. “Se tivéssemos um inverno regular, estaríamos obtendo a produtividade máxima desses clones”, confirma Tertulino de Oliveira, que presta serviços à Coopap, orientando o plantio e repassando as técnicas de manejo das espécies descobertas.
Um trabalho que deve ajudar a centenas de pequenos produtores do Rio Grande do Norte a conseguir mais produtividade em pequenas áreas de cultivo. “Com esses novos clones, vamos deixar que a produção fique menos vulnerável a condições climáticas. Queremos difundir essa melhoria dos pomares com alto potencial genético”. Por ano, o Estado gera em torno de 45 mil toneladas de castanhas, uma média de 315 quilos por hectare plantado.
As regiões Oeste, Alto-Oeste e Zona da Mata respondem por 80% da produção de castanha do Rio Grande do Norte e Serra do Mel, município localizado a 320 quilômetros de Natal, é o maior produtor. Agricultores ligados ao projeto de Cajucultura do Sebrae-RN produzem 160 toneladas de caju a cada ano. Produção que ainda pode ser ampliada, pois o Rio Grande do Norte só explora 40% do potencial comercial.

*Gazeta do Oeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário