Maurício Ferreira

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Governo do RN decreta estado de calamidade na saúde pública


A governadora Rosalba Ciarlini decretou na tarde de ontem, 4, estado de calamidade na saúde pública do Rio Grande do Norte. Após o anúncio, o governo apresentou um Plano de Enfrentamento para os Serviços de Urgência e Emergência, onde consta uma série de medidas que preveem o investimento total de R$ 32 milhões em inúmeras unidades de saúde do Estado, e serão executadas em parceria com o Poder Executivo federal.

Durante entrevista coletiva onde foi anunciado o decreto, a governadora Rosalba Ciarlini reconheceu que o sistema de saúde pública do Estado está sofrendo uma de suas piores crises. "Esse problema não é isolado do Estado, é crônico, vem de muito tempo com soluções temporárias, mas agora estamos agonizando", disse a chefe do Executivo estadual à imprensa.
No Plano de Enfrentamento divulgado pelo governo, está previsto o direcionamento de R$ 13 milhões, recursos provenientes do Estado, para reforma, restauração ou ampliação dos hospitais Rafael Fernandes e Tarcísio Maia, em Mossoró; Giselda Trigueiro, João Machado, Santa Catarina, Walfredo Gurgel e Maria Alice, em Natal; e ainda para os Hospitais Regionais de Macaíba, Santo Antônio, São Paulo do Potengi e Caicó. As verbas deverão ser aplicadas no período de seis meses.
As medidas anunciadas pela administração estadual contemplam também a implantação de 63 novos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), sendo quatro pediátricas para o Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), seis de UTI geral no Hospital Ruy Pereira; 10 pediátricas e nove coronarianas no Onofre Lopes; 10 de UTI geral no Walfredo Gurgel; 10 pediátricas no Varela Santiago e mais 10 UTIs neonatais para o Santa Catarina. A previsão é que essas ações sejam executadas ao longo dos próximos 90 dias.
De acordo com o que foi apresentado, serão investidos pelo Governo Federal R$ 4,7 milhões para criação da Central de Regulação Única, sendo que o Tesouro repassará ainda R$ 5 milhões para garantir o abastecimento das necessidades básicas dos hospitais da rede pública estadual. O Estado solicitou ainda força-tarefa do Ministério da Saúde (MS) para zerar filas de cirurgias ortopédicas eletivas.
O Plano estabelece também como ação emergencial a habilitação do helicóptero Potiguar I, de operações táticas e salvamento, junto ao MS, para ser usado como unidade aeromédica, por meio de convênio entre a Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) como meio de transporte de pacientes para transplante e para atendimentos em situações críticas.
O Governo do Estado definiu ainda como medida emergencial a divulgação do controle de escalas de médicos e servidores, que serão divulgadas no sítio da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) e encaminhadas ao Ministério Público. O objetivo do Estado é convocar todos os funcionários da Saúde cedidos a outros órgãos para que retomem as atividades em 60 dias, quando será implantado o ponto eletrônico.
Em sete dias, o Poder Executivo estadual fará convocação pública para construção de um novo hospital de traumatologia em Natal, através de Parceria Público-Privada. O hospital deverá ter 200 leitos gerais, 50 de UTI e mais 100 salas de cirurgias. 


Hospital Regional TarcÍsio Maia sofrerá interdição trabalhista na terça-feira 
Levando em consideração Boletins de Ocorrência registrados nas delegacias de polícia do Estado recentemente, o Sindicato dos Médicos do RN (Sinmed/RN) revelou ontem que iniciará, a partir da próxima semana, a interdição trabalhista de setores hospitalares que não apresentam condições mínimas para o exercício profissional. Em Mossoró, a medida será aplicada no HRTM, na terça-feira, 10.
Segundo o presidente do Sinmed/RN, Geraldo Ferreira, entre os setores do Tarcísio Maia que podem sofrer interdição estão a pediatria, anestesiologia, ortopedia e o departamento de cirurgias. "Nesses pontos foram constatadas graves situações, falhas que comprometem o atendimento à população. Por isso, estamos propondo a intervenção no trabalho, até que as correções das deficiências sejam concretizadas pelo governo", explica.
Segundo o médico, os pacientes que buscarem atendimento nos serviços interditados deverão ser direcionados a outras unidades hospitalares da cidade. "As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) poderão fazer essa cobertura, e para aqueles serviços que não puderem ser feitos nessas localidades, estamos planejando outro tipo de ação, já que a população não pode ficar abandonada", relata Geraldo Ferreira.
Além do HRTM, o Sinmed também paralisará os serviços nos hospitais Santa Catarina, Walfredo Gurgel, João Machado, Giselda Trigueiro e Ruy Pereira. "O governo anunciou esse plano de enfrentamento, mas nós acostumados a ver que ações podem não ser concretizadas, estamos atentos principalmente para o comportamento do governo no que se refere a medidas de privatização da saúde", conclui o presidente do Sinmed.


*O Mossoroense.

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