Na decisão que teve 108 páginas foram punidos com pena de cinco anos e  quatro meses de reclusão em regime semiaberto os ex-edis Gilvanda  Peixoto (DEM), Júnior Escóssia (DEM),  Aluízio Feitosa (que era do PDT e  migrou            para o PMDB),    Izabel Montenegro (PMDB), Benjamim  Machado (que era do PTB e          está no PMDB), Claudionor dos Santos  (que era do PDT e         está no PMDB),            Daniel Gomes (PMDB) e  Sargento Osnildo (que era do PSL e agora está no DEM). Já o  ex-presidente da Câmara Municipal, Júnior Escóssia (DEM), pegou seis  anos e quatro meses de reclusão em regime semiaberto.
    Foram absolvidos Chico da Prefeitura (DEM), Francisco José Júnior (que era do PMN e agora está no PSD) e Renato Fernandes (PR). Segundo o Ministério Público, um grupo de vereadores fez empréstimos  consignados junto à Caixa Econômica Federal sem que fosse feito o devido  desconto em folha.
Nos cálculos do órgão incluídos no processo teriam sido desviados mais de R$ 600 mil com essa suposta fraude.
Nos cálculos do órgão incluídos no processo teriam sido desviados mais de R$ 600 mil com essa suposta fraude.
O magistrado entendeu que as provas apresentadas pelo Ministério  Público foram suficientes para provar que o grupo de parlamentares se  beneficiou dos empréstimos consignados sem o devido desconto em folha.  "Não restam dúvidas de que os outros denunciados Aluízio Feitosa,Ângelo  Benjamim de Oliveira Machado, Claudionor Antônio dos Santos, Daniel  Gomes da Silva, Gilvanda Peixoto Costa, Manoel Bezerra de Maria, Maria  Izabel Araújo Montenegro e Osnildo Morais de Lima se beneficiaram com o  recebimento dos valores vertidos e camuflados sob o título de  empréstimos consignados, há nos autos materialidade bastante quanto a  isso (e será objeto de análise detida em cada caso referente aos demais  acusados)", justificou.
Quanto aos absolvidos, o juiz Cláudio Mendes Júnior entendeu que não  houve má intenção deles no caso. "Observação deve ser feita em relação a  três dos acusados supracitados. Os vereadores Francisco Dantas Rocha e  Francisco José Lima Silveira Júnior ao perceberem que seus empréstimos  consignados não estavam sendo descontados procuraram a presidência da  Casa bem como o setor responsável e regularizaram os descontos, por  volta do terceiro mês. O que demonstra ausência de dolo de apropriação  dos valores vertidos em seus subsídios", justificou.
O magistrado ainda acrescentou nos autos que o próprio Ministério Público reconheceu que os três não teriam cometido crime.
Justiça rejeita tese do Ministério Público de que dinheiro serviria para eleger e reeleger Júnior Escóssia
Para o Ministério Público o suposto esquema teria sido usado para  garantir a eleição e reeleição de Júnior Escóssia como presidente da  Câmara Municipal durante os quatro anos da legislatura passada.
No entanto, o juiz Cláudio Mendes Júnior entendeu que não havia  provas de que houvesse um esquema nesse sentido. "Não podemos converter  meros indícios em prova concreta da troca de vantagem econômica em favor  político (votação no acusado João Newton para presidência da Câmara).  Este dolo, por ser elemento essencial da conduta típica, precisa  afirmar-se nas provas dos autos, o que a meu ver não houve, limitando-se  a indícios que por si só não autorizam a condenação pelo delito em  análise, impondo a absolvição de João Newton da Escóssia Júnior com  esteio no art.386, VII do CPP da conduta de corrupção ativa majorada,  art.333, parágrafo único", explicou.
No processo o Ministério Público alegou que "haveria um grande acordo  entre os denunciados e cuja deliberação conjunta se repetia  mensalmente, no qual João Newton Escóssia Júnior oferecia as vantagens  econômicas para que os vereadores o reelegessem, tendo autorizado o  repasse dos valores sem a necessária retirada dos salários dos edis das  parcela dos empréstimos".
Por ter rejeitado essa tese, Júnior Escóssia     ainda foi absolvido do crime de corrupção ativa.
Promotor fica satisfeito com decisão de magistrado
O promotor do Patrimônio Público, Eduardo Cavalcanti Medeiros, que  comandou a "Operação Sal Grosso" deflagrada em 14 de novembro de 2007,  recebeu de forma positiva a decisão do juiz Cláudio Mendes Júnior que  condenou nove dos 12 acusados por suposto desvios de recursos da Câmara  Municipal. "A sentença atingiu quase a integridade do que foi  argumentado pelo Ministério Público", acrescentou.
Sobre a possibilidade de recurso contra as absolvições das acusações  de formação de quadrilha e ordenação de despesa  não autorizada em lei.  "Vamos analisar com cuidado a sentença. A partir do momento em que  formos notificados  teremos a abertura de prazos e nesse período  tomaremos a decisão", acrescentou.
Ao fazer um balanço da "Operação Sal Grosso", o promotor lembrou que  ainda existem outros processos relativos a diárias, prestação de contas,  improbidade administrativa e mau uso da verba de gabinete. "Esse é  apenas um dos processos. Foi uma investigação muito complexa", avaliou.
Ele ainda fez uma reflexão a respeito do papel do Ministério Público  na sociedade. "A sociedade precisa entender que o Ministério Público é  feito por homens e mulheres que têm erros e acertos. O Ministério  Público acerta mais do que erra, mas cumpre seu papel de fiscalizar a  lei e garantir a probidade", acrescentou.
 "Estaria muito menos triste se apenas eu tivesse sido condenado", declara Júnior Escóssia  Presidente da Câmara Municipal de Mossoró no período em que as  irregularidades  resultaram na "Operação Sal Grosso", o ex-vereador  Júnior Escóssia (DEM) fez um desabafo em entrevista ao jornal O Mossoroense:  "Estaria muito menos triste se apenas eu tivesse sido condenado. Foram  cometidos erros? Foram, mas eu era o gestor. Foi uma falha minha",  frisou.
O demista disse ainda que ao tomar conhecimento de que havia a falha  no não-desconto dos contracheques chamou cada um dos vereadores para  fazer o ressarcimento. "Quem percebeu primeiro fui eu, Chico da  Prefeitura e Silveira (Francisco José Júnior). Houve uma falha técnica e  depois corrigimos", declarou.
O ex-parlamentar disse que cada um dos nove condenados e os três  absolvidos são pessoas de caráter. "Todo mundo conhece o caráter e a  dignidade de pessoas como Gilvanda Peixoto, Renato Fernandes, Daniel  Gomes, Chico da Prefeitura, Francisco José Júnior, Izabel Montenegro,  Manoel Bezerra de Maria, Aluízio Feitoza, Benjamim Machado, Claudionor  dos Santos e Sargento Osnildo. São pessoas sérias que merecem todo o  nosso respeito", declarou.
Ele disse ainda que pretende recorrer da decisão. "Fizeram justiça  com Chico, Silveira e Renato Fernandes. Quando a gente recorrer e  mostrar os documentos que nós temos vamos todos ser absolvidos. Vamos  mostrar que não houve nenhum dano ao erário", declarou.
Segundo Júnior Escóssia, do mesmo jeito que os vereadores fizeram  empréstimos alguns servidores da Câmara Municipal também fizeram.  "Sempre existiu empréstimo consignado na Câmara Municipal e sempre vai  existir. Não há diferença no empréstimo de ninguém. Todos pagaram",  garantiu.
O ex-vereador não poupou elogios a Cláudio Mendes Júnior, magistrado  que proferiu a sentença ontem. "Doutor Cláudio Mendes é uma pessoa  correta e justa. Se ele tivesse todos os documentos que temos em mãos  todos teriam sido absolvidos", declarou.
Condenados prometem recorrer de sentença
A reportagem do O Mossoroense fez contato com todos os vereadores e  ex-vereadores condenados e absolvidos. Os primeiros afirmaram que iriam  recorrer e os demais comemoraram a decisão.
Gilvanda Peixoto e Benjamim Machado disseram que estavam tomando  conhecimento da decisão no contato da reportagem e que tratariam do  recurso com o advogado deles. Os dois evitaram comentar a decisão.
Claudionor dos Santos seguiu a mesma linha e    acrescentou: "Recebo a  notícia com coragem e respeito com a certeza de que tudo que fiz foi  lícito. Vou recorrer e provar minha inocência".
Manoel Bezerra disse que ainda não tinha sido citado. "Quando receber  a decisão vou acionar minha assessoria jurídica para recorrer e provar  minha inocência. Por isso estou tranquilo", declarou.
Atual secretário municipal de Defesa Social, sargento Osnildo não  atendeu às ligações feitas ao telefone celular dele. Também integrando o  governo municipal no comando da Fundação para a Geração de Emprego e  Renda (Funger), Izabel Montenegro estava com o telefone desligado. Assim  como Daniel Gomes. Aluízio Feitosa não foi localizado.
ABSOLVIDOS
Dos que foram absolvidos, Chico da Prefeitura foi o  que demonstrou maior alívio. "Você não sabe o que passei nas últimas  campanhas. Sofri muito. Não quero incriminar ninguém. Torço para que  todos provem sua inocência. Estou feliz por um lado, mas triste por  outro porque são colegas valorosos", acrescentou.
Francisco José Júnior disse ter certeza de que desde o início não  seria condenado. "No dia em que a operação foi deflagrada fui aos  jornais mostrar que era inocente. Acredito na inocência dos colegas.  Como cabe recurso ninguém é culpado. Acredito que houve muitos erros e  muitos erraram sem saber até porque a maioria dos envolvidos era de  novatos", destacou.
Renato Fernandes disse não se surpreender com a decisão. "Mostrei que  naquele período estava presidindo a Codern. Fiquei 20 meses lá. Estava  tranquilo porque desde o começo o Ministério Público tinha mostrado que  me excluiria do processo", concluiu.
Bruno Barreto
Editor de Política
Editor de Política
*O Mossoroense. 

Nenhum comentário:
Postar um comentário