Entre os estados, apenas o Ceará e o Rio Grande do Norte têm taxas de  atendimento na pré-escola superiores a 90%. Na outra ponta, Rondônia e o  Rio Grande do Sul têm menos de 60% das crianças de 4 e 5 anos  matriculadas. No total, 14 unidades da Federação têm índices de  atendimento inferiores à média nacional. 
O desafio do país é incluir esse contingente de  alunos nas redes de ensino até 2016. Uma emenda constitucional aprovada  em 2009 estabelece que a pré-escola é etapa obrigatória no país, assim  como o ensino médio. Até então, a matrícula era compulsória apenas no  ensino fundamental (dos 6 aos 14 anos). Isso significa que no prazo de  quatro anos as redes municipais terão que oferecer vagas nas escolas a  todas as crianças entre 4 e 5 anos – e os pais terão de matriculá-las.
Para a diretora executiva do Movimento Todos pela  Educação, Priscila Cruz, o crescimento da pré-escola na última década é  uma conquista importante e indica que o país tem dado mais atenção à  educação infantil. “Na última década, houve um aprofundamento e uma  proliferação de estudos que comprovaram o impacto da educação infantil  no futuro da criança. É um investimento muito rentável do ponto de vista  cognitivo, do desenvolvimento social e econômico. Quanto mais cedo a  criança entra na escola, maior é o retorno daquele investimento. Esses  estudos tiveram espaço nas políticas públicas”, acredita Priscila.
O baixo atendimento no início da década estava  ligado, inclusive, a fatores culturais: muitas famílias não consideravam  importante mandar os filhos para a escola antes do ensino fundamental,  já que a pré-escola era vista apenas como um espaço para a criança  brincar. Apesar dos avanços, Priscila avalia que o esforço das redes  municipais para incluir 1,1 milhão de crianças terá que ser maior.
“Elas são justamente as crianças mais difíceis de  serem incluídas. São aquelas que vivem em local de mais difícil acesso,  ou tem alguma deficiência, ou não podem ir para a escola porque são  hospitalizadas, ou seja, aquelas que vivem algum tipo de  vulnerabilidade”.
A presidente da União Nacional dos Dirigentes  Municipais de Educação (Undime), Cleuza Repulho, avalia que será “muito  difícil”  para as redes municipais cumprir a meta de universalização da  pré-escola se não houver mais investimento. Para isso, ela destaca a  importância da aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê  um aumento dos recursos para a área, inclusive com a participação da  União. O projeto está há mais de um ano em análise na Câmara dos  Deputados.
De acordo com Cleuza, o principal problema para  ampliar o atendimento é a infraestrutura. “Quando falo em  infraestrutura, é a construção de prédios mesmo. Os problemas vão desde  encontrar um terreno para a construção, até a prefeitura conseguir  bancar o custeio das escolas de educação infantil”, explica.
Os dados do Movimento Todos pela Educação são de  2010, o que significa que as crianças de 4 e 5 anos que estavam fora da  escola naquele ano provavelmente já estão matriculadas no ensino  fundamental e muitas chegaram a essa etapa sem cumprir a pré-escola. As  prefeituras têm o movimento demográfico a seu favor, já que a tendência é  que a população de 4 e 5 anos diminua nos próximos anos. Há previsão de  uma queda de 22% da população nessa faixa etária entre 2010 e 2022,  segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
*Fonte: Agência Brasil

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