Maurício Ferreira

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Revelada relação entre fraudes no Detran e o Ministério das Cidades

Lobista do Denatran, Gil Pierre, teria atuado para conciliar interesses de grupo potiguar com empresário cariocas; ele é citado em investigação do MP.



As fraudes praticadas no Detran-RN e reveladas pelo Ministério Público Estadual na Operação Sinal Fechado tinham ramificações dentro do Ministério das Cidades, mais precisamente no quinto andar da sede da pasta, na direção do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

Os indícios já estavam na petição do MPE, que na página 128 revela conversa de Geoge Olímpio, apontado como mentor do esquema, e o empresário mineiro Eduardo Campos.

Nas gravações, Eduardo Campos diz que esteve "com um cara em Belo Horizonte que se chama Gil Pierre", e que "esse cara é muito forte, muito bem relacionado politicamente em Brasília". Na mesma conversa, o empresário conta ainda que Gil Pierre afirmou "que o pessoal da Facility" (empresa que explora a inspeção veicular no Rio de Janeiro) teria interesse em participar da inspeção veicular no RN e "tem como virar, pois eles (o pessoal da Facility) têm acesso a quem manda no Estado de uma forma muito positiva".

Herck teria sido convocado para intermediar as negociações entre a empresa carioca e o grupo potiguar. Olímpio quis marcar reunião com o lobista. De certo, apenas as tratativas estabelecidas pelo braço do grupo em MG, Eduardo Campos. Não foi revelado se tal reunião aconteceu.

Gil Pierre chegou ao Denatran pelas mãos do diretor Júlio Arcoverde e aspergido com as bênçãos do ministro Mário Negromonte. Estranhamente, ele não está lotado no Denatran, mesmo assim ganhou crachá, secretária, mesa, telefone e passou a despachar diretamente do quinto andar. Ao saber que estava sendo investigado pela revista IstoÉ, telefonou para seu padrinho político, o senador Ciro Nogueira (PP-PI). Sua nomeação no DOU saiu no dia 15.

Herck é ex-presidente da Associação Nacional das Empresas de Perícias e Inspeção Veicular (Anpevi), daí sua influência com empresário do setor. Em relação à conversa entre Olímpio e Campos, ele se defendeu: "O Eduardo sabia que eu conhecia o pessoal da Facility. Mas não deu sequência à conversa".

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