Maurício Ferreira

domingo, 4 de dezembro de 2011

Seara determina limites entre municípios



Não existe precisão na localização do limite de um município com outro. Isso tem gerado problemas, especialmente nas cidades que têm localidades entre os dois municípios, como Pedro Avelino e Guamaré, Mossoró e Baraúna, Caraúbas e Upanema, Alexandria e Brejo dos Santos (PB), entre tantos outros municípios. O clima de disputa é maior quando a localidade produz petróleo ou minério, que gera royalties, como Assú e Caraúbas.
Mesmo naquelas cidades onde não existe produção no meio, existe disputa entre os municípios. É o caso de Alexandria e Brejo dos Santos. Nesse caso, o município de Alexandria perdendo a localidade que existe no limite com Brejo dos Santos, perde também quase R$ 70 mil na arrecadação do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Porém, os serviços básicos de Saúde nesta localidade são prestados por Brejo dos Santos.
Sobre os serviços de saúde e educação, também geram problemas. Se a localidade pertence ao município de Baraúna, o cidadão deve procurar os serviços de sua cidade. Mas não é o que acontece. Ele procura, geralmente, a cidade maior porte que tem mais estrutura para atendê-lo. No caso, Mossoró. Ocorre que o Sistema Único de Saúde é comunicado do atendimento e repassa os recursos para o município de origem do paciente, ou seja, Baraúna.
Segundo o secretário de Cidadania da Prefeitura de Mossoró, Francisco Carlos, o rombo causado por esses problemas já supera a casa dos R$ 5 milhões nos últimos anos. E não é só com Baraúna. Da região Oeste, apenas o município de Tibau compensa Mossoró pelos serviços prestados nas redes pública e privada de saúde pública.
Os demais municípios ficam com os recursos e Mossoró paga a conta. A promotora de Justiça Ana Ximenes, que atua na área de saúde, disse que a saída é o Governo do Estado instalar uma Câmara de Compensação. O secretário de Saúde Domício Arruda, do Estado, prometeu esta Câmara para o mês de novembro e não instalou.
Para corrigir, em parte, o impasse entre os municípios quanto a limite, a Secretaria Estadual de Assuntos Fundiários e Reforma Agrária (SEARA) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) firmaram parceria para, com equipamentos modernos, delimitar com precisão o limite entre os municípios do Rio Grande do Norte.
O trabalho já começou. Em 2011, os técnicos do órgão estadual e federal trabalharam em 18 municípios. Para 2012, pelo menos doze prefeitos já solicitaram a realização do estudo de georreferenciamento. Outras cidades poderão fazer o mesmo. Basta o gestor procurar a Seara, em Natal, e formalizar o pedido. É o que explica o secretário Rodrigo Fernandes. "Este é um trabalho que começou pelo ex-secretário Gilberto Jales e vai continuar", diz.
Rodrigo Fernandes reconhece, no entanto, que o trabalho de apresentação de dados consistentes sobre as divisas territoriais e linhas divisórias que delimitam os municípios que compreendem a malha fundiária do Estado do Rio Grande do Norte não resolve a questão financeira dos municípios como um todo. Resolve a questão da arrecadação do FPM, mas quanto à prestação de serviços, o problema persistirá, pois não ocorre em decorrência da falta de conhecimento dos limites, e sim, por uma questão administrativa.
"Após a realização dos trabalhos de campo, o técnico da Seara elabora relatório conclusivo, sendo posteriormente encaminhado para o Município que requereu sua regularização de limites, bem como para o Município vizinho, além do envio para o IBGE. Surge diante desse trabalho a necessidade de reformulação da Lei de Criação do Município, sendo elaborada uma minuta de lei e encaminhada para o Poder Legislativo (Assembleia Legislativa) para sua aprovação. Depois de sancionado pelo Executivo é que o trabalho é concluído.
Como é feito o trabalho de georreferenciamento
O trabalho é desenvolvido pelo técnico em Agropecuária e Especialista em Cartografia e Georreferenciamento Valdemir Sales Dantas, pelo topógrafo Aguinaldo Gomes da Silva, da Seara, e Orlando Batista de Vasconcelos, do IBGE. O trabalho é coordenado por Amarildo Costa de Oliveira, coordenador de Planejamento e Execução da Seara, que tem a responsabilidade de coordenar e processar os dados obtidos através dos técnicos (medições, elaboração de plantas, alimentação e atualização do sistema que gerencia a malha do Estado).
Com os elementos em mãos, as equipes da Seara e IBGE realizaram reuniões, para que em conjunto tomem as decisões pertinentes ao material a ser analisado. Após realização de seguidas reuniões, tendo como finalidade identificar os limites entre os municípios e os municípios vizinhos, técnicos da Seara e IBGE iniciam a segunda fase dos trabalhos.
Leitura e análise da legislação, procurando interpretar sua formulação na época de sua elaboração e redação, quando relata na sua contextualização os artigos segundo as suas limitações. Muitas vezes é um trabalho difícil pelas medidas usadas anteriormente pelos mais antigos, onde não existia nenhum auxílio da tecnologia hoje existente. Com isso, identifica-se o ponto de partida através do par de coordenadas.

*Jornal de Fato

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