Docentes querem mais mobilização nas ruas, para chamar a atenção da sociedade
Foram
nove votos contra, mas a maioria decidiu por mais uma greve na
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). A assembleia na
Associação dos Docentes da Uern (ADUERN) começou e terminou com
divergências de ideias entre os professores, que se diziam obrigados a
aderir ao movimento paredista, visto o descumprimento do acordo por
parte do Governo do Estado. Em maio do ano passado os docentes da
universidade iniciaram um movimento grevista que durou 106 dias.
Um
grupo formado pelos professores, alunos e técnicos administrativos
esteve reunido na quarta-feira com a governadora, que alegou que o
limite prudencial teria sido empecilho para o cumprimento do acordo. A
proposta apresentada aos professores foi de enviar o projeto de lei do
reajuste para a Assembleia Legislativa, mas este condicionado ao limite
prudencial. A informação considerada vaga, não agradou aos docentes,
assim como aos técnicos administrativos.
O
professor Flaubert Torquato afirmou que esperava que o governo fosse
mais objetivo na resolução do problema, que é o cumprimento do acordo.
“Não condicionar a partir de uma lei. Fizemos um acordo com o governo, e
não com uma lei”, disse o presidente da Aduern.
A
professora Telma Gurgel opinou por uma greve diferente das demais, sem
suspender totalmente as atividades letivas, mas com mais mobilização nas
ruas. “Uma greve semanal com uma luta permanente. Ela não quer três
meses? Então vamos dar três meses com muita zoada, três meses de
movimentos na Cobal, no mercado de Pau dos Ferros, em Assu”, afirmou.
Já
o professor Zezito Mendes não demonstrou a mesma opinião. “Aceitamos o
acordo na última greve, voltamos às salas de aula, emendamos nossos
diários, então agora queremos o cumprimento do acordo, se não temos, é
greve sim”, frisou.
Em
uma coisa todos os docentes foram unânimes, que foi na questão da
mobilização nas ruas, para que assim a sociedade fosse chamada a atenção
para a situação na qual se encontra a universidade. Em todas as falas
os professores solicitavam que todos se juntassem e fossem às ruas
protestar contra a situação.
O
reitor Milton Marques de Medeiros, que já enfrenta a terceira greve no
seu mandato esteve assistindo a uma boa parte da reunião, mas preferiu
apenas ouvir o posicionamento dos professores. “Eu acho que ainda se tem
muito a conversar. Mesmo com a greve deflagrada, os diálogos devem ser
retomados, pois a greve é sempre prejudicial para todas as partes”,
afirmou.
TÉCNICOS
EM GREVE – Antes mesmo da assembleia dos docentes acabar, já chegava à
Aduern a notícia de que os integrantes do Sindicato dos Técnicos
Administrativos da Uern (SINTAUERN), que estavam em assembleia na
Faculdade de Ciências da Saúde já havia batido o martelo em favor do
movimento paredista. “Fomos a Natal e não ouvimos nada de concreto.
Alguns quiseram esperar que o projeto fosse à Assembleia Legislativa,
mas diante do ‘se der, se puder’, a maioria decidiu pela greve”, afirmou
Rita de Cássia Negreiros, presidente do Sintauern.
A
integrante do comitê de greve do Sintauern, Telma Rocha, destacou que
os profissionais se reuniriam ontem à tarde com reitor Milton Marques, e
que após isso a agenda do movimento seria definida.
POSICIONAMENTO
– Ainda ontem à tarde, a Administração Superior da Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte (UERN) emitiu nota oficial sobre a
paralisação dos técnicos e professores. Através do comunicado, a
administração externou sua preocupação diante da deflagração de outra
greve.
“A
greve interrompe o cronograma de atividades letivas e traz inúmeros
prejuízos para a Instituição, especialmente para os estudantes. A
Administração Superior assegura que não poupou esforços no sentido de
evitar uma nova paralisação”, informou.
Através
do comunicado ainda foi informado que o reitor Milton Marques,
acompanhado do pró-reitor de Planejamento e Finanças, Severino Neto,
participou de diversos encontros com representantes do Governo do
Estado.
“Ontem
(2) esteve presente em mais uma audiência com a Sra. Governadora
Rosalba Ciarlini acompanhado das representações do Sintauern, Aduern e
DCE, sendo extraída uma proposta que oportunamente será examinada pelas
categorias dos professores e técnicos-administrativos, quando após
análise poderá, possivelmente, haver retorno das atividades. A
Administração Superior da Uern continuará fazendo o possível para
dialogar com as categorias e o Governo do Estado na tentativa de
intermediar e viabilizar o entendimento entre as partes, visando sempre o
melhor para a Universidade”, finaliza o texto.
Estudantes revoltados cogitavam realizar ou não mobilizações
Revoltados
com a deflagração de mais uma greve e o prejuízo do ano letivo, os
estudantes que estiveram presentes na assembleia da Aduern avaliaram a
possibilidade de não realizar mobilizações em conjunto com os
professores. “Temporariamente não iremos realizar mobilizações com os
professores”, afirmou Saulo Spinelly, presidente do Diretório Central
dos Estudantes (DCE) da Uern, que também participou da reunião com a
governadora Rosalba Ciarlini na quarta-feira.
Segundo
ele, os alunos decidiram sim por chamar a atenção da sociedade e do
governo para com as necessidades da universidade, como a infraestrutura,
o aumento do número de bolsas de pesquisa e extensão, além de melhores
condições de ensino em todos os cursos. “Vamos nos reunir, nos
mobilizar, utilizar as ruas, as redes sociais, mas por enquanto não com
os professores”, continuou.
Saulo
Spinelly disse ainda que desde a última terça-feira, dia 1°, os
estudantes estão se reunindo todas as noites, às 19h, na Praça Vigário
Antônio Joaquim, para discutir questões ligadas à vida acadêmica. “Hoje
(ontem) à noite nos reuniremos novamente e em seguida iremos participar
da primeira reunião com o comando de greve dos professores, pois fomos
convidados. E a nossa luta por uma universidade melhor continua”,
concluiu Saulo Spinelly.
*Gazeta do Oeste.
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