Maurício Ferreira

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Seca deste ano já é considerada uma das maiores dos últimos tempos no Estado


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Com a instauração do quadro de seca, 139 municípios do Rio Grande do Norte decretaram estado de emergência. Além disso, as 130 comunidades rurais de Mossoró perderam em sua totalidade as safras de milho e feijão, dentre outras culturas. A falta de chuva vem deixando rastros não só nas vidas do homem do campo, a população da cidade também tem visto os efeitos da estiagem refletidos no aumento dos preços dos produtos.
Segundo o meteorologista da Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn), Uéliton Pinheiro, não há previsão de mudanças no quadro de chuvas no Rio Grande do Norte.  "As chuvas que aconteceram no primeiro trimestre do ano foram abaixo do normal, e mesmo as chuvas irregulares que têm acontecido não vão reverter os prejuízos causados aos trabalhadores rurais. Deve-se ressaltar que a situação tende a se agravar com a ampliação da escassez hídrica no campo", disse o meteorologista.
Em relatório divulgado pela Emparn, fenômenos no Atlântico e no Pacífico combinados resultaram no baixo índice de chuvas verificados em março, o que confirma um quadro de seca e compromete, segundo o relatório, a produção agropecuária do Estado.
O agropecuarista Manoel Carrasco confirma os dados divulgados pela Emparn e diz que não tem conhecimento de nenhum agricultor ou pecuarista que não esteja sofrendo os efeitos da seca, isto é, com exceção daqueles que possuem condições suficientes para investir na instalação e manutenção de sistemas de irrigação.
"Esta está sendo a pior seca que já aconteceu no Estado. A estiagem de 1993 foi muito ruim, mas nada comparado a esta. Diferente do que diz a mídia, que os agricultores perderam 80% da plantação, o que a gente tem verificado é outra coisa. Os trabalhadores rurais perderam 100% de sua produção. Eu planto caju e sobrevivo em grande parte das castanhas, que são o fruto do cajueiro. Este ano não consegui colher nada", disse o produtor.
Manoel Carrasco ainda ressalta que os efeitos da seca vão além da perda das plantações. "Com a falta de chuva, não pudemos colher a ração pra dar ao gado, e essa é muito cara pra comprar. Para não ver o gado morrer de fome ou sede, e também pensando no sustento das famílias que sobrevivem do que plantam e criam, a solução encontrada é vender alguns animais para complementar a renda. Eu mesmo já pensei em vender 60 cabeças de gado pra poder contornar a situação".
Outro ponto destacado pelo agropecuarista é a situação do trabalhador rural, que tem saído de suas propriedades em busca de trabalho em outras regiões para poder se manter. No entanto, Manoel Carrasco afirma que os donos das propriedades não têm como ofertar atividades para estes indivíduos, uma vez que não existe receita suficiente para pagar pelos serviços.
O agricultor Antônio Hilário ressaltou que os problemas da seca só não estão maiores porque os chafarizes e poços fornecidos pelos órgãos públicos têm suprido à demanda.
"De dois anos pra cá o problema da falta de água diminuiu na nossa região. Aqui na comunidade do sítio Góis, nomearam uma pessoa para vistoriar a bomba que fornece água para a população, desde então nenhum problema foi encontrado, pois antes da medida muitas pessoas danificavam o equipamento, prejudicando a comunidade", disse o agricultor. 
População urbana também sente os efeitos da seca
As dificuldades encontradas pelo homem do campo no que diz respeito à perda das colheitas de milho e feijão vem sendo percebida pela população residente nas cidades através do aumento dos preços dos produtos fornecidos pelos produtores rurais.
Segundo a vendedora Maria de Fátima, "os compradores querem baratear o preço do feijão, mas não dá pra diminuir o preço, pois com a escassez do produto os fornecedores aumentaram os valores do feijão e a gente não pode fazer muita coisa, a não ser repassar esse aumento pro consumidor".
O vendedor de milho Francisco Lobo Maia, se diz esperançoso no aumento das vendas com a proximidade do São João. "Com a seca muitas cidades vêm tomando medidas sérias em relação até ao São João, mas como os festejos juninos são tradicionais em nossa região o esperado é que o evento ajude nas vendas, já que no início deste ano elas caíram cerca de 30%", destacou o comerciante.
Com o aumento dos preços dos produtos provenientes da agricultura, as cestas básicas passaram a refletir essa situação. Dos produtos que compõem a cesta o feijão teve aumento de 4,25%, já os legumes tiveram um acréscimo de 5,84%. Outros fatores também fazem aumentar o valor do produto como o arroz, o óleo de soja e o pão.

*Jornal O Mossoroense

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