Maurício Ferreira

domingo, 18 de setembro de 2011

Cidades na região oeste com população em extrema pobreza



O que os municípios de João Dias, Paraná e Venha Ver têm em comum, além da localização geográfica, das ruas arborizadas e praças bem cuidadas? As três estão no topo da pobreza extrema no Rio Grande do Norte, segundo ranking elaborado com base no Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em João Dias, quase metade da população tem renda familiar per capita abaixo de R$ 70 mensais; em Paraná 35,5% e em Venha Ver, cidade que conquistou emancipação política na safra de 1996, o índice de pobreza é de 34,4%.
Os números do IBGE mostram também que municípios com grande potencial econômico, caso de Upanema e Guamaré, aparecem com alto grau de pobreza. Em Upanema, um em cada três habitantes está nesta situação, enquanto em Guamaré o índice é de 14,8%.
Na outra ponta da escala estão municípios como Parnamirim, Natal, Caicó e Mossoró. Entre os dez municípios com menor índice de pobreza, sete são da região do Seridó. "Isso mostra que o combate à miséria não depende de projetos mirabolantes. A região do Seridó há muito não recebe grandes projetos desenvolvimentistas. No entanto, tem os melhores índices de desenvolvimento humano", diz o economista Aldemir Freire, chefe da Unidade Estadual do IBGE no Rio Grande do Norte.
O menor porcentual de pobreza foi verificado na cidade de Timbaúba dos Batistas. Apenas 4,01%. Lá, os recenseadores do IBGE encontram 92 pessoas com renda familiar abaixo de R$ 70 por mês. A lógica seria o Vale do Açu, com seu potencial econômico proporcionado pela produção de energia, sal, camarão, fruticultura, petrolífero, cerâmico e ferro, ser a região mais rica e mais desenvolvida do Rio Grande do Norte. Porém, ironicamente a cidade mais rica do Estado é também a que tem a população mais pobre, no caso Guamaré.
"Não dá para construir um aeroporto em cada cidade. A saída é trabalhar as vocações", reforça o superintendente do Sebrae, José "Zeca" Ferreira de Melo Neto. No Seridó, o Sebrae dá assessoria à iniciativa em áreas como a indústria de bonés, alimentos (doces, queijos e a tradicional carne de sol), artesanato e tecelagem.
Melo lembra que em São José do Seridó, 1.000 dos 4.231 habitantes trabalham na indústria de confecções. O índice de extrema pobreza é de 6,46%. Timbaúba dos Batistas é a sede da associação das bordadeiras, uma atividade forte na região, que ocupa grande mão de obra. "Parelhas tem uma indústria cerâmica forte", informa Zeca Melo. O setor está se modernizando para atender às exigências ambientais.
Guamaré: 14,8% da população em extrema pobreza
O município de Guamaré tem o maior Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Rio Grande do Norte e um dos melhores do Nordeste, mas o grau de pobreza ainda é grande (14,8%) para uma cidade de 12,4 mil habitantes que só perde para as três maiores em arrecadação.
De janeiro a agosto, Guamaré arrecadou R$ 26,9 milhões só de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), mais do que Parnamirim, que tem 206 mil habitantes. A arrecadação mensal gira em torno de R$ 10 milhões.
Além da refinaria Clara Camarão, estão se instalando no município grandes parques eólicos, como Alegria I e Alegria II. Já estão quase concluídos também os parques de energia eólica de Mangue Seco I. Outros quatro, em Mangue Seco estão em obras.
A prefeitura faz doação, através de cartão magnético, de R$ 130,00 para 2,2 mil famílias do município. Desde que a Petrobras se instalou no município, as oportunidades de emprego se multiplicaram. O problema é que a população não foi capacitada. Por isso, as empresas da área petrolífera foram obrigadas a importar mão-de-obra qualificada. São aproximadamente 3,5 mil pessoas de outras regiões circulando na cidade. 

*jornal de fato

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