Maurício Ferreira

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Mais de 100 unidades foram implantadas



Mais de 100 unidades experimentais de manejo sustentável da caatinga para convivência com o semiárido foram implantadas na região Oeste até o início de agosto de 2011, de acordo com dados do Centro Terra Viva. De acordo com a entidade, a vegetação nativa dessa parte do Estado foi e continua sendo explorada de forma depredatória, contribuindo para a destruição de espécies vegetais e animais, intensificando os processos de desertificação e empobrecimento dos recursos naturais e das localidades rurais.
Esse cenário começa a mudar a partir da atuação de instituições de assessoria técnica e agricultores-experimentadores que estão reinventando seu modo de usar os recursos naturais do fragilizado bioma caatinga.
Pelo menos 101 trabalhadores e suas famílias passam a manejar a caatinga de forma agroecológica para garantir a sua sustentabilidade e complementação da renda. "As árvores já não são arrancadas pelas raízes e, sim, manejadas para a produção de frutas, forragem, varas, estacas, mourões e criação de animais", diz Paulo Segundo e Silva, engenheiro agrônomo e coordenador do Projeto Manejo da Caatinga do Terra Viva.
De acordo com ele, a Chapada do Apodi, localizada entre os Estados do Rio Grande do Norte e Ceará, é conhecida pela riqueza do seu solo, diversidade das atividades produtivas e pelo potencial da agricultura familiar. A falta de cuidado com a flora e a fauna tem deixado esse potencial inerte com possibilidade de sequelas irreversíveis.
O projeto de formação pela experimentação em manejo da caatinga objetiva dar suporte ao aprendizado dos agricultores dos assentamentos e comunidades da agricultura familiar em áreas experimentais de manejo da caatinga e apoiar a disseminação dessa prática sustentável nos municípios do Território da Cidadania Sertão do Apodi. "O manejo da caatinga tem contribuído para conscientizar agricultores a respeito do uso sustentável dos recursos naturais da caatinga", acrescentou.
As primeiras mudanças significativas são a substituição do desmatamento total das áreas, não utilização do fogo, melhoria da cobertura e proteção dos solos, preservação da matéria orgânica, aumento na produção de mel, preservação de árvores e adequação da quantidade de animais ao suporte forrageiro existente.
A produção de frutas a partir do plantio de frutíferas nativas nessas áreas é outra novidade que deverá, num futuro breve, garantir a diversificação da produção e o incremento de renda. O aumento na produção de forragem para a criação animal já é observado pelas famílias.
A apicultura foi a atividade que deu os resultados que mais entusiasma, com o aumento da produção de mel nas áreas experimentais quando comparadas com colmeias em áreas não manejadas ou próximas a projetos irrigados com alto uso de veneno.
Para Paulo Segundo, a adoção e ampliação das áreas do manejo da caatinga tende a fortalecer cada vez mais a produção de carne, leite e mel na região, consolidando em breve o município de Apodi como o maior produtor de mel do Nordeste e do Brasil. "A agricultura familiar demonstra sua viabilidade quando temos bons projetos, incentivo econômico, políticas públicas, assessoria técnica e quando os agricultores são chamados a construir de forma participativa, democrática e de modo sustentável", enfatizou.

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