Maurício Ferreira

domingo, 25 de setembro de 2011

População sai às ruas por água em Luís Gomes e Antônio Martins



Os moradores das cidades de Luís Gomes e Antônio Martins não estão dispostos a aguardar parados que as autoridades do Governo do Estado providenciem água. Quinta-feira, 22, houve protesto nas ruas da cidade serrana de Luís Gomes, com a participação do Ministério Público Estadual, igrejas e escolas do município. O mesmo movimento está sendo preparado para o município de Antônio Martins.
Durante a mobilização, foi enfatizado que a falta d'água em Luís Gomes está prejudicando não apenas o abastecimento, mas também interrompendo o ciclo de crescimento da economia local, através da paralisação do projeto social das hortas comunitárias (que atende a mais de 35 famílias) e, sobretudo, a construção civil, que já contabiliza significativos prejuízos com a interrupção de inúmeras obras, ocasionando desemprego para toda a população.
O prefeito Carlos José Fernandes (Dedezinho), o diretor regional da Caern, Djalma Neres, o promotor de justiça Ricardo José da Costa Silva, os vereadores Vicente Feliciano, Lindalva Batista, Maria Gerusa e Firmino Nunes, secretários da administração municipal, comerciantes e, sobretudo, o povo, que compareceram munidos de baldes, apitos, panfletos e faixas, numa tentativa de conclamar o Governo do Estado para solucionar o problema da falta d'água.
Houve concentração na Praça do Centenário. Na ocasião, o prefeito relembrou que tudo que é possível vem fazendo desde abril para solucionar o problema, sem que seja ouvido pelo Governo do Estado. "Essa luta é uma luta de todos, e todos sintam-se convidados a unir forças em prol da resolução do problema da falta d'água. Você, por exemplo, que votou em Rosalba Ciarlini, demonstre sua força junto ao Governo e também interceda nesse favor", disse Dedezinho.
Finalizando o manifesto, o secretário municipal de Educação, professor Franklin Miguel Fernandes, disse que o "fornecimento de água nas escolas, hospital e centro de saúde estaria normalizado até segunda-feira, garantindo a não interrupção dos serviços essenciais à população luis-gomense". O abastecimento, neste caso, já está sendo feito em carros-pipas que abastecem cisternas. O mesmo não acontece para irrigar as plantas em praças públicas nem obras particulares.
Mais 90 dias para a Caern instalar novas adutoras
Tanto em Luís Gomes como em Antônio Martins já existem estudos prontos apontando o que seria a solução para evitar que o abastecimento de água nessas cidades entre em colapso novamente. Porém, tratam-se de obras que vão precisar de 60 e 90 dias para ficarem prontas. Até lá, o quadro será de desespero, com consumo racionado em todas as casas.
Em Luís Gomes, o prefeito Carlos José Fernandes, "Dedezinho", disse que a solução é construir uma adutora de 6,8 quilômetros para abastecer a cidade com água do Açude do Gessem, ou como é mais conhecido na região, Açude do Saco, que fica localizado no município do Major Sales.
No dia 24 de agosto passado, os engenheiros Ricardo da Fonseca Varela Filho e Walter Gasi, respectivamente, diretor-técnico e diretor-presidente da Caern, informaram que o estudo topográfico já estava pronto e o projeto sendo preparado para a instalação da adutora. O processo começou em abril e ainda serão necessários mais três meses para ser concluído.
Já, em Antônio Martins, a solução, segundo o prefeito Edmilson Fernandes, é construir uma adutora com 17 quilômetros de extensão para abastecer a cidade com água do açude de Lucrécia. Esse açude, apesar de ter tomado pouca água, é grande o suficiente para atender a demanda de consumo das cidades próximas. Armazena até 27 milhões de metros cúbicos de água.
Sexta-feira, Edmilson Fernandes estava na Caern em Natal, tratando com os engenheiros a elaboração do projeto conforme o levantamento topográfico feito na região, que é um pouco acidentada para abastecer a cidade. "A adutora será montada nas margens da RN de acesso de Luís Gomes a Antônio Martins", explica o prefeito.
Adutora sem prazo para ser concluída
O cenário de protesto por falta d'água nas cidades de Luís Gomes e Antônio Martins não existiria se o cronograma de implantação do Sistema Adutor do Alto Oeste tivesse sido respeitado. O projeto, orçado em R$ 136 milhões, previa abastecimento de 26 cidades e 62 localidades rurais com água das barragens de Santa Cruz (em Apodi) e de Pau dos Ferros.
O sistema adutor é composto por duas redes. Uma parte da Barragem de Santa Cruz, abastecendo as cidades de Riacho da Cruz, Umarizal, Olho D'Água do Borges, Martins, Lucrécia, Serrinha dos Pintos, Frutuoso Gomes e Antônio Martins. Pelo outro lado da região serrana de Portalegre e Martins, foi iniciada a construção da segunda etapa do sistema adutor.
Nesse caso, a rede fortalece o abastecimento de Pau dos Ferros e Francisco Dantas, com água da Barragem de Pau dos Ferros, assim como das cidades de Rafael Fernandes, Água Nova, Major Sales e Luís Gomes. Entretanto, os trabalhos de implantação do sistema adutor foram suspensos pela construtora por falta de pagamento por parte do Governo do Estado.
A Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH) informou ao prefeito de Luís Gomes, Dedezinho, que não existe prazo para o recomeço das obras do Sistema Adutor do Alto Oeste, que foram paralisadas por falta de pagamento quando já estava com quase 70% de sua totalidade pronta. "E, mesmo que tivesse, já temos conhecimento de que a Barragem de Pau dos Ferros não suporta abastecer todas as cidades com dois anos sem inverno", destaca Dedezinho.

*jornal de fato

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