Maurício Ferreira

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Número de católicos cai 8,84% no Estado




A taxa de participação dos católicos no Rio Grande do Norte caiu 8,84% entre os anos de 2003 e 2009, de acordo com o Novo Mapa das Religiões, divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta quarta-feira, 24.
Em 2003, os católicos representavam 82,82% da população potiguar, enquanto que essa participação foi reduzida a 73.98% seis anos depois. Considerando a população do estado (3.168.133), são 280 mil fiéis a menos no catolicismo.
Ao mesmo tempo em que a igreja católica perde fiéis, as igrejas evangélicas só crescem.
No espaço de seis anos entre as duas apurações feitas pela FGV, a participação dos evangélicos no Rio Grande do Norte cresceu 5,08%, saltando de 10,53% em 2003 para 15,61 em 2009, representando quase 500 mil fiéis - incluindo a evangélica pentecostal e outras evangélicas.
Para o coordenador do levantamento, Marcelo Neri, a transformação religiosa em todo o Brasil está acontecendo num ritmo forte. "As mudanças que aconteceram em 100 anos agora estão acontecendo em dez [anos]. Se continuar essa perda de 1 ponto de porcentagem [de católicos] por ano, em 20 anos você teria menos de metade da população", calcula.
Embora o catolicismo esteja em queda e a evangélica pentecostal em alta, Marcelo Neri observa que a queda acelerada do catolicismo não foi em direção aos evangélicos pentecostais, como nas chamadas décadas perdidas, e mais em direção aos evangélicos tradicionais e todas as religiões alternativas ao catolicismo e aos grupos evangélicos.
Para o secretário executivo da Associação das Igrejas Batista do Oeste, pastor José Antônio de França, a diminuição de católicos se dá mais pela falta de investimento no ensino bíblico. "A igreja evangélica sempre se voltou mais para ensinar os mandamentos de Deus, enquanto que a católica agora que está acordando para isso", ressalta.
Pastor França afirma que quando as pessoas começam a ler e estudar os mandamentos de Deus compreendem que o que vem sendo dito pelos evangélicos ao longo dos séculos corresponde à bíblia e acabam optando pela igreja evangélica.
Pastor França ressalta que o crescimento das igrejas evangélicas é notável e visto em quase todas as regiões do Brasil.
Esse crescimento pode ser explicado em números. Somente a Batista tem entre 22 e 25 igrejas e congregações em Mossoró, sendo mais de 100 em toda a região.
A reportagem não conseguiu ouvir a opinião da igreja católica.
A reportagem falou com o vigário-geral da Diocese de Mossoró, padre Flávio Augusto Forte Melo, que pediu um tempo para analisar o estudo da FGV. Porém, o padre não atendeu mais as ligações feitas após o tempo solicitado.
Cultos lotados, missas vazias
A queda do catolicismo e o crescimento do protestantismo podem ser notados numa visita às igrejas. É comum encontrar as igrejas evangélicas lotadas em dias de culto, enquanto que ao mesmo tempo as igrejas católicas dificilmente ficam cheias nos dias de missa.
Frequentadora da missa dominical da Igreja de São João Batista no bairro Doze anos, a secretária Gleidy Regina atribui a redução no número de católicos à falta de motivação e criatividade da igreja.
Para Gleidy, o padre deveria inovar e realizar missas mais alegres, mais animadas. "Missa hoje é tudo igual, seja para crianças, adolescentes ou adultos. Falo sempre para o padre que ele precisa inovar, fazer missas diferenciadas para cada público", opina a secretária, afirmando que não pretende mudar de religião.
Cledna Fernandes também é secretária e companheira de trabalho de Gleidy, mas tem religião diferente.
Cledna é evangélica e frequenta a Igreja Assembleia de Deus nos sábados e domingos. "Só não vou mais por conta do trabalho e da faculdade durante a semana", explica, mostrando que a diferença entre as principais religiões já começa na frequência dos fiéis à igreja.
Cledna relata que as pessoas começam a frequentar a igreja evangélica em busca de novidades, "mas quando conhecem o verdadeiro sentido de um culto começam a notar outros pontos como aprende, adorar e louvar".

*jornal de fato

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